cravo as unhas no vidro do copo
embaciado pelo bafo ébrio de quem já não vê,
de quem já não se sabe em sentido.
cravo as unhas nas tuas costas
- são pedra - não se partem como eu,
não cedem como eu cedo ao espaço noctívago,
à nostalgia de um amor blindado -
cravo-lhe as unhas - a ferida abre, a ferida infecta
a manhã demora, a sobriedade volta.
não sou eu aqui
não sou eu capaz de ser outra coisa aqui -
devo à existência o comportamento que não sei ter
devo ao universo, ter-te e não te ter -
a liberdade a que me habituou o amor a ser um sonho
e não uma realidade.
cravo as unhas na pele.
não sou eu nela -
nem ele em mim.
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