11.1.14

#11

Não sei a quem ir
desde que sei
que não sou ninguém.

E quem me ajuda?
A ter quem
e faces da lua,
tempo e carne nova.

Não sei quem fui
por não ter passado,
não sei sequer se quero ser
e criança, morrer.

Prefiro o ninguém
que a tua companhia me traz
e o abraço a mim própria
que me dás.

Sonhar com fogos acesos
postos por homens viris,
sonhar com o oceano
e serem mulheres, o mar.

Quem compreenderia?
Que não sei o físico conhecer
por translúcida ser
e o céu, amar.

Quem ia querer ter quem
as unhas rasgam e nada tem,
nem perfume, nem suar
ser só restos de alguém que não sei.

Quem ia querer ter quem
amar, se não soubesse
como prazer saber dar
em tiros transpirados ao luar.

E quem me ajuda?
Por não saber de ninguém
a quem o jeito conceder
tornar-me gente e o reconhecer.

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