Vem,
Chega na tarde que te
embala, a melancolia
E a saudade,
estrangeiro.
Abraça a tua casa,
sente o seu cheiro imutável.
Chora com ela as
noites em que não se viram,
Chora com ela os
sonhos que não tiveram
Por quereres sempre o
que está mais além,
Ou por quererem por
ti o que esconde o Sol.
Chega sozinho, traz
contigo a nostalgia,
Essa prostituta única
companhia
De quem parte.
Vem,
Encontra os braços de
quem nunca partiu,
Vê nos meus olhos sem
cor e diluídos
A vontade de
descobrir a terra e o céu.
Vê neles a inveja e o
amor que te tenho
E contorna-me, com a
tua mão, o peito
Rasga-o como se
quisesses conhecer
Mais que a minha nua
forma,
E constrói ambições e
luxúrias
Sonhos dignos de quem
viaja pela tua
Nua forma também.
Cessa-me as lágrimas
que me dão forma à cara,
Conforta-me, por
saber que sou efémera,
Mortal e finita ao
tempo que não pára.
Sê a voz que me
impede assim de mergulhar
Em vinho tinto,
demência e doença
E leva-me a passear,
pelo horizonte onde tu
Estrangeiro, te
atreveste a passar.
Vem,
Não vivas a angústia
de teres de voltar à viagem,
Não vivas o medo de
desconheceres
Os caminhos que te
são tão fáceis imaginar.
(Mais difíceis são os
da minha pele
E já os tens de cór
em soluções
Antes de chegares.)
Vem,
Que iremos criar-nos
em sonhos antes de ires,
De estrelas que não
existem, por não existirmos
Nós também.
Mas antes de ires,
Vem.
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