8.4.13

Intempéries

Cobre-me a noite,
Cobre-me esse céu estrelado
que me transcende quando não quero ser gente,
por querer ser apenas sonhos
quando sou matéria
mais que carne agarrada a ossos.
Porquê ser tão dicótoma?
Porquê ser o consciente da natureza
Quando sou derrotada pelo infinito,
Pela imortalidade do céu
E do mar que o continua.
Porquê ser tão longínqua?
A distância do meu corpo que se entrega aos sonos,
À massa sonhadora que me faz dar um princípio à vida.
Porque é que me continuas a cobrir, noite?
E me aspiram em ti as palavras,
O desejo de ser céu,
E do mar que o continua,
Ter a intempérie de ser pele.

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