4.3.14

"a bunch of meninos"

suplicam, imploram no chão -
perdão, milagre ou dádiva que os fazem romper
as calcinhas limpinhas de meninos e ferirem os joelhinhos.
amontoam-se perante os grandes
perante os que mandam, ou fazem por mandar,
escarrando-lhes em cima as réstias do sabor a tabaco,
cuspindo os corações que não têm e o sangue sidoso
de quem está sedento de vingar com palavras.

exigem vénias e glorificações, promessas
de pés em cima das costelas débeis, de vidro dos pobrezinhos
para fazerem morais vis de boca em boca.
tentam demais os meninos,
acompanhados por uma banda sonora penosa,
para escaparem às valas sujas de quem não é digno.
isto, se a dignidade for sujar as mãos por fazer;
isto, se a dignidade forem gravatinhas em nó de forca.

a bunch of meninos sobrevivem por darem tiros no ar,
sobrevivem por limpar outro monte de meninos
demasiado assépticos para terem terra e carne debaixo das unhas.
a bunch of meninos rezam mezinhas de mamãs preocupadas
por chegarem a casa sãos e sem facas espetadas no dorso
postas por vadiagem de quem não sabe sequer
o que é ter fé em missas dominicais
ou carregar uma cruz ao peito.

(acompanhado por A Bunch Of Meninos, Dead Combo)

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