Os meus olhos são
nuvens.
Perguntas-me porque
choro
A resposta parece
evidente.
Choro a inveja de não
ser
Quem eu vejo querer
ser.
Quero-te ser.
E tu bem sabes que te
quero ser.
Todo este desejo
corrói-me.
Se os meus olhos são
nuvens
Por dentro tenho o
Inferno todo.
Todo este vermelho é
a carne
Que arde na fogueira
que morre
De lento por não ter
mais nada
Que a faça arder.
Estou gasta. Sozinha
Sem ter idade para
isso.
Desfaço-me pelo vento
em vez
De me desfazer de mim
própria
Nas cinzas apagadas
de quem
Eu nunca fui.
E pelo fumo esvoaçam
sonhos
Esquecidos por eu me
esquecer
De mim numa criança
qualquer.
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