"Um poeta está sentado na Holanda. Pensa na tradição. Diz para si mesmo: eu sou alimentado pelos séculos, vivo afogado na história de outros homens. E a sua alma é atravessada pelo sopro primordial. Mas tem a alma perdida: é um inocente que maneja o fogo dos infernos. Abre-se ao fundo da sua meditação holandesa um grande lago: a solidão, e em volta passeiam as vacas. A Holanda é agora isto: vacas e - no centro - o inferno, a revolucionária inocência de um poeta sentado.
- Por quem me tomam? - pode ele perguntar - O que eu quero é o amor."
Herberto Helder, in Passos em Volta
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