26.3.13

Fragmentos (homenagem ao Pessoa)

Fragmento-me pelas ruas, 
Vejo-me naquele que passa e no que passou. 
Escrevo para eles, o que senti por não os poder ser 
E em anonimato, sê-los somente quando escrevo. 

Imaginar as formas da existência de cada um,
Pô-las na minha quadrada vivência 
Ser assim mais do que a pele que me limita o ser, 
Ser muitos porque alguém é quem eu quero ser. 

Viver na abstracção de me conhecer. 
Querer despir-me dos sonhos dos outros
Não me conseguir encontrar nua e livre dos todos 
Criados, por ainda não me saber ser. 

Culpar a solidão por não o saber fazer. 
Ter medo de não ver reflectidos no espelho 
Os sonhos que fui criando e em apatia ficar, 
Sem nunca mais saber o que é imaginar. 

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