28.3.13

Entrada de Diário 1

Nem reparo nas horas que passam. Os dias já não são curtos e o rei sol persiste em enganar-me. O frio do chão é arrepiante, deito-me nele como quem quer só gastar horas a envelhecer, como se fosse uma coisa boa, como quem quer só sentir o tempo marcar-lhe a pele, e é quando a pele se encolhe por tocar no frio do chão que penso. Não foi sensato. Tenho o infortúnio de não saber como o ser, e racional só quando a impulsividade entra em coma. Se nada acontece, nada faço por acontecer, deixo que o silêncio se torne numa alienação, e alienada estava também eu de ti que não gostavas de levar com vento na cara, questionar-te poeticamente do porquê de não o poderes tocar. Pertenço-lhe. Não é lógico, nem tem um norte por seguir, preserva em si a espontaneidade que também lhe tenho, e invejo-o pela sua presença ao passar. Todos nós temos infortúnios, e todos nós nos tornamos fados difíceis de cantar uns para os outros. A falta de sorte é um ciclo. E o desamor também. Concordamos assim que o desamor foi culpa da falta de sensatez e compaixão. Concordamos - eu e o chão. 

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