7.12.11

Já nem sei do que tenho saudades afinal

Não tenho saudades de Outubro.
Não tenho saudades de Setembro.
Não tenho saudades de Agosto.
Não tenho saudades de Julho.
Não tenho saudades de Junho.
Passei por eles a correr num tempo parado. Como posso ter saudades?

(no entanto, sei que as devia ter)

1 comentário:

  1. Não tenho saudades de um tempo vago que se espalhou, por aí, pelos meses.
    Não tenho saudades de um tempo que não vivi (não como o idealizei, talvez). É certo que nunca criei afectividade com os meses por onde passo, mas nele entrevejo uma memória de pessoas, momentos... Continuo em constante metamorfose - transformações contínuas em que me tento reconhecer. No fim tudo está parado, mas o tempo, esse, voou invisível aos olhos de quem tentou viver - com asas roubadas, rompendo pelas coisas dentro, com as saudades presas nas suas garras!
    Vale a pena correr atrás deles? - certezas de pouca coisa. Uma pequena sensação de que o passar do tempo faz aumentar, de ano para ano, exponencialmente, a velocidade com que este passa.
    Enfrentar o passado num exercício retrospectivo é, muitas vezes, uma sofreguidão. O que é que foi que fiz? Saudades de quê? - um dia, saudades de nada. Todos temos esse dia.
    Agora, vou sorrindo e sofrendo com os acasos dos dias por onde vagueio. Estranha melancolia, esta. Aa...
    Queria não me deixar levar!... Não posso deixar, tendo em conta as poucas voltas ao Sol que constituem, em anos, o período a que chamamos vida. Tempo, vagamente. Acho que sou para além desse abstracto infinito, enquanto viver, enquanto sentir (saudades?), sou.
    Sem que seja pelo mero correr do tempo, dêem-me de que ter saudade!

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