às vezes o vento abraça-me
mas nem sempre é querido.
nem sempre escorrega pela pele
porque a pele nem sempre é suave
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a minha pele fez-se com o que teve em cima
mesmo que fale do fogo, o fogo fez-me a pele enrugada,
mesmo que uma lâmina a tenha deixado como se fosse terra árida
a minha pele fez-se como um bebé novo a sair de uma das fendas
e quando tive um homem
a minha pele revirou-se como se revira uma camisola que nos deixa ver como é feita por dentro.
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às vezes o vento abraça-me
mas na maioria das vezes entra-me pela boca e afia-me a língua
como se fosse um homem
que me entrasse pela boca e mostrasse o que é o amor.
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