3.4.14

Eleger-te como vício
com os olhos blindados a existir,
duvidar e questionar - a face
entre as mãos trémulas -
se a veracidade de um diálogo ao espelho
existe para reler todas as teorias
com que já conspirei em silêncio.

Não acredito em ser nada se me consigo ver.
Já não te deixo procurar-me por ser provisória
numa realidade lúcida.
Foi aqui onde a nossa consciência começou,
só depois vieram os amassos e o calor húmido;
só depois vieram os amargos tragos da impossibilidade
de se amar alguém que é duplo nosso.

Não sei o que mais fazer.
Ninguém sabe quando o cansaço é fictício,
quando as dores são estúpidas,
quando o êxtase nos leva a fazer amor
com nós próprios a fim de nos conhecermos.

A morte goza aos olhos do nosso objectivo -
ela mesma é um duplo.

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