embora não passes de uma criança, em ti
sempre cresceram todos os fogos de todas as paixões
os afagos e as tentações negadas aos sonhos,
o zelo e o afecto a quem não quer ser mais do que fantasia.
penso em ti nas viagens que faço sobre dicotomias -
apesar de não passar também de uma criança
e de não saber fazer amor ao som mudo das estrelas,
pinto palavrões em paredes desnudadas de escárnio e mal dizer.
todo o meu sangue corre em direcção ao inferno.
não tenho voz para gritar amor sem me fazer violentar o corpo,
sem acabar noites a masturbar ideias insolúveis sobre existir
e ainda só sou uma criancinha...
sê carne! deixa-me que te mate para saber que és real
para deixar de imaginar o que é a saudade e senti-la mesmo
na fervura das tuas roupas de quando as deixares,
de quando me deixares.
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