16.9.12

Em quase três passos

Em quase três passos faz a cidade toda; conhece-a como conhece a palma da sua mão e nunca olhou muito para ela. Faz parte dele, é natural conhecê-la. Nunca olhou muito para si no geral, mas conhece-se porque ele faz parte dele e não há ninguém que o saiba de cór a não ser ele - nem os espelhos que o reflectem, o conhecem. Os ossos que estão por dentro dele também nunca ninguém os viu, nem ele, mas conhece-os porque fazem parte dele; nem os seus próprios olhos consegue ver, mas consegue ver para dentro deles, porque os conhece, porque se conhece, porque é homem e sabe-se, talvez porque lhe disseram que também existe para dentro dele, talvez porque descobriu por si que há interior e que temos de o conhecer.
Não faço a cidade em quase três passos, mas enquanto a faço vou pensando naquele que a faz sem o conhecer. 

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