28.7.12

No chão

Deitada no chão, não há silêncio para lá das janelas. A natureza não foi feita para amar o silêncio; ora o vento viaja inquieto pelo azul sem fim, ora cantam aos apaixonados, os pássaros do jardim. Também não há silêncio para dentro das janelas, pensam os que passam, do que te queixas afinal? É muito barulho para uma casa só, para uma pessoa só. 
Deitada no chão, toca Rider's On The Storm, dos Doors. Esta casa fica menos distante nestes dias, as paredes suam a indiferença com que as olho quando a casa está cheia, e guardam os olhares que lhes deito agora, a chamar-lhes de 'casa', de casa verdadeira, de casa minha, nos restantes dias nem reparo nela. 
Deitada no chão, o cabelo emaranha-se. Começa a ficar grande e pesado, e só agora é que reparei, agora que ele começa a ganhar raízes no chão por ter preguiça de me levantar. Devia-me levantar. Contudo, prefiro ficar à espera de que me venham buscar. 

Sem comentários:

Enviar um comentário