25.6.12

Nudez

A escrita tem de ser forte. As palavras têm de pesar no infinito de cada um. 
O medo apodera-se da escrita, apesar de lentamente. É o medo de não poder vaguear mais. Só a vaguear é que consigo com que a mão se solte da rigidez e frieza das ruas do costume. São precisas ruas novas, vazias de gente. É difícil encontrá-las: estão todas ocupadas com os pensamentos daqueles que as vão pisando sem saber onde ir. 
Parece que as decisões é que tornam a escrita difícil. É difícil escolher-se as palavras com que se vai escrever. É difícil escolher-se. A palavra 'escolher', é no seu nu, difícil. E é de quando se está nu que vem o medo. Nunca se é mais nada quando estamos nus. Nunca nos sabemos escrever quando estamos nus. E o medo vem de sabermos como somos quando não há mais nada, e para isso, não há palavras. 

2 comentários:

  1. No último parágrafo está lá o ser humano, o ser humano que há por baixo de todos os nossos eus.
    Joana, isto que aqui escreves é verdade na minha cabeça - o que pode não parecer muito, mas é tudo, e faz um sentido de ar frio e luz do Sol que me invade por dentro, como aquela nota numa música que consegues pensar antes de ser tocada.

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    1. Muito obrigada Rodrigo! Ainda estou à espera do teu blog

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