15.1.12

Valsas

Parados continuamos a representar o desassossego da valsa que se dança à nossa volta. Uma valsa desorganizada, de pés postos no áspero chão de madeira, sujo de qualquer coisa que já foi vida, de qualquer coisa que já foi vivida, e de qualquer coisa que querem que se mantenha viva.



4 comentários:

  1. (...)sujo de qualquer coisa que já foi vida, de qualquer coisa que já foi vivida, e de qualquer coisa que querem que se mantenha viva.

    GOSTEII JOÔ

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  2. E como uma valsa que é, nunca querem que pareçamos moribundos. Qualquer coisa já não acerta os tempos nessa valsa como, supostamente, os outros esperariam que fosse suposto. Como um relógio desconcertado, mas não tão mecânico. E claro que é sempre uma desordem desorientada, pelo menos no nosso interior, porque lá fora, põem a mesma música vezes sem conta, quando invariavelmente já nos entra por um ouvido e sai-nos pelo outro e ainda ressoa. Talvez alguém tenha razão... Talvez nos queiram manter vivos por boas causas, talvez o passado ainda não tenha morrido. Mas dançar sobre destroços é cansativo, é pisar o caído. Porquê dar tanta importâcia à música que alguém põe a tocar. Algo me diz, partiu-se o gira discos, mas ainda tens uma colecção imensa de música em vinil. Concertarei o aparelho, porei de volta os osssos no meu corpo, ou revesti-los-ei de carne, melhor dizendo.É altura de reorganizar a sala, abrupta ou dissimuladamente. Desencantar um novo par para dançar. E uma esfregona, porque este chão está manchado.duas esfregonas,para quem vier à baila comigo.

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